SBSR 2006

" Garrafas de água só entram sem tampa!", "bilhetes é só lá à frente " , "quem tem mochilas pode ir abrindo " , " se nao vao entrar cheguem-se à berma faz favor" ...

Depois de ouvir estas 4 frases serem repetidas insistentemente pelo mesmo segurança junto à entrada durante mais de meia hora foi com alegria que entrei no recinto. Devo dizer que para um festival urbano o recinto do SBSR está muito bom . O único senão é apenas o facto de o piso ser alcatrão daquele que começa a magoar os pés lá para as tantas da noite ou que pode estragar as calças se cairmos ao chão...

Após uma vistoria completa ao interior do recinto , de ter passado pelas barracas todas e ver o meu amigo Nismo comprar o vinyl do "dark side of the moon" -que vai servir para sessões de terapia de grupo na minha sala - e de ter constatado que a Musica no Coração mete a água ao preço da gasolina fui todo contente para a frente do palco para ver os Alice in Chains .

Não muito à frente ,porque ja la estava imensa gente , mas a cerca de 20 metros do palco vi fazer-se história perante os meus olhos. Os Alice in Chains (AIC) eram uma banda que eu achava que nunca iria ver ao vivo , mas ontem realizei esse pequeno sonho. O novo vocalista William DuVall é esforçado e pareceu-me ter muito boa voz.Nao era so a mim , os fãns que estavam à minha volta sentiam e diziam o mesmo " epa o gajo é bom " , " têm que gravar um disco novo com este gajo a cantar" . Assim que pegou na guitarra acustica e começou a tocar a "down in a hole" senti um arrepiu percorrer o meu corpo e comecei a ficar suado. Nao apenas pelo calor abafante que se fazia sentir ,pelos corpos suados estarem colados uns aos outros mas porque aquilo sim era o inicio do que eu queria mesmo ouvir : os grandes temas dos anos 90 de uns AIC que conseguiram o seu espaço na cena alterno/grunge lado a lado com icones mundiais como os Nirvana ou os Pearl Jam ( sim , eu tambem gosto de Soundgarden) . Uma sequência arrepiante com "down in a hole" , "rooster" , "would?" que quase me fez chorar e interpretações fantasticas de "angry chair " e "man in the box" já faziam valer a visita ao parque Tejo. No fim , muitas palmas e pedidos de um regresso em breve. No cimo do palco William e o guitarrista Jerry Cantrell mostravam uma faixa que uns fãns que estavam la a frente lhes tinham mandado " Alice in chains - born again" . será que sim? Fiquei ultra-surpreendido pela positiva. Nunca pensei vir a gostar tanto. Foi um dos concertos da minha vida . Tao simples como isso.

A seguir a AIC - e como nao era minha intenção ver os Deftones - fui à procura de comida. Infelizmente tive que esperar algum tempo para comprar qualquer coisa para comer e beber , mas isso acaba por ser normal nestes certames , por isso nao tenho nada que me queixar .Mas talvez fosse boa ideia a MnC tentar pôr mais bares com comida no ano que vem .

Como já escrevi não vi o concerto de Deftones,mas infelizmente fui obrigado a ouvir mesmo deitado na relva junto ao rio.São daquelas bandas que mesmo nao odiando posso dizer que detesto. Apenas me vai ficar na ideia uma interessante interpretação do belo (sim,eles tem uma ou outra que escapam ) "Change" com Chino Moreno agarrado à guitarra . Banda a evitar no futuro.

Às 22h45 ia começar o "meu" concerto. Os Placebo abriram as hostes com o novo single " infra-red" e após 5 minutos o concerto ja estava ganho. Canções do novo "meds"muito bem tocadas ao inicio e alguns temas antigos à mistura - "come home" do 1º disco a grande surpresa!-"black eyed " («i was never grateful thats why i spend my days alone») , "every you/every me" , "special k " ou "the bitter end " levaram os muitos milhares que lá estavam ao rubro. Os temas novos são lindos ao vivo , principalmente "song to say goodbye («you´re one of God´s mystakes») ou até mesmo "because i want you" .Brian Molko , que por vezes se fazia socorrer de megafones que se vendem em lojas de brinquedos para crianças, teve uma postura muito rock , sempre profissional , sentindo cada verso por ele cantado. Está um sr.vocalista , um verdadeiro lider de uma banda que com o passar dos anos fica cada vez melhor.
Tive 6 anos sem os ver e adorei este concerto.Nao tivessem sido os AIC e tinha sido o concerto da noite.

Após Placebo e após outra espera para comprar qualquer coisa para salvar uma garganta há muito seca ,seguiu-se o concerto dos Tool. Pelas centenas de t-shirts que vi por lá sabia que aquele ia ser o momento mais esperado por quase todos os que lá estavam. Depois do concerto ter começado 15 minutos atrasado - o unico - e de eu ter sido obrigado a deixar as pessoas com quem estava após 2 bisontes me terem confundido com um sofá , dirigi-me à frente do palco deixando-me ficar na parte lateral. Vou confessar uma coisa : o guitarrista dos Tool é unico ! Adam Jones (acho que é assim que ele se chama) tem uma presença em palco que me cativou e passei grande parte do concerto a olhar practicamente só para ele , quase nao ligando aos magnificos efeitos de palco que a banda norte-americana apresentou. Eu devia ser dos unicos , ou se calhar mesmo o unico que estava naquela zona , que nao fazia a mais pequena ideia de que cançao estava a ser tocada em cada momento que passava , mas sentia pelas pessoas à minha volta que para elas estava a ser assombroso. Provavelmente para muitos foi este o melhor concerto, e eu acredito que se eu tivesse dado mais atençao a esta banda - só ouvi os discos durante uma tarde na semana passada - tambem eu poderia ter achado melhor que aquilo que para mim foi...mas uma coisa é verdade...não me deixaram de todo indiferente e fiquei com curiosidade de os ver outra vez .

O balanço final que faço é bom. Os concertos que ia ver , AIC e Placebo , foram excelentes , Tool foi engraçado e fiquei com curiosidade de os conhecer melhor e voltar a ver. O recinto estava muito bem aproveitado e o ambiente era optimo.

Desta vez a MnC safou-se bem... mas vender uma garrafa de água minuscula por 1euro é coisa que nao se faz a ninguem...