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Friday, June 02, 2006

Os DEERHOOF no Y desta semana

Texto retirado do forumsons

Deerhoof eternos incategorizáveis
Pedro Rios
Público, Y, 06/06/02

Imaginem uma pequena vocalista aos guinchos (um cruzamento entre punk rocker e Teletubbie), uma bateria em espasmos rítmicos improváveis e guitarras que tanto atiram para a no wave como engatam num orelhudo desvio pop.
Não, não falamos de uma bizarria desconexa mas antes de uma das bandas mais importantes do rock independente actual (apesar de continuarem incategorizáveis). Deles, o "New York Times" disse que eram "uma das bandas rock mais originais a surgir na última década". O grupo está agora reduzido a um trio, depois da saída de Chris Cohen (baixo/guitarra) para se dedicar a tempo inteiro aos Curtains.
Disco a disco, têm aumentado a base de fãs ao mesmo tempo que evoluem como compositores de canções. "The Runners Four", editado no ano passado, é disso prova: é um disco de banda, resultado de um aturado processo de gravação (devolveram quatro vezes o álbum à Kill Rock Stars por estarem insatisfeitos com os resultados). Curiosamente, é o trabalho da banda de São Francisco que mais se assemelha aos seus concertos. "Tentámos fazer um disco que nunca tivesse mais do que quatro coisas a acontecer ao mesmo tempo", explica John Dieterich, ao telefone de sua casa, em Oakland, Estados Unidos, depois de mais uma pequena digressão. "Quisemos que fosse como uma fotografia da gravação para poderes imaginar-nos a tocar num espaço. Mesmo a forma como foi misturado, em que cada instrumento está no mesmo canal de mistura em todo o álbum, faz dele consistente."
Apesar do método de feitura, menos baseado na junção de elementos antagónicos (do noise à pop), com menos "overdubs" e truques de estúdio, "The Runners Four" não é transposto milimetricamente para cima dos palcos. A improvisação e a valorização criativa dos acidentes são elementos indissociáveis dos Deerhoof. "Quando começámos a tocar este material, foi, de certa forma, surpreendente porque as canções como estão no disco podiam ser tocadas por quatro pessoas. Mas a verdade é que já não as tocávamos há muito tempo... Acabámos por mudar muito o material como uma reacção a isso ou porque achámos por bem fazê-lo. Todas as canções estão sempre a mudar", diz Dieterich.
Nos Deerhoof, sobretudo em palco, a improvisação intromete-se nas canções - a banda sabe que tema está a tocar, mas nada impede um membro de empurrar a música por outros caminhos. Mesmo que seja por acidente. "Estou a reler "Improvisation: Its Nature and Practice", de Derek Bailey [guitarrista expoente máximo da livre improvisação], ao qual volto muitas vezes. Ele refere lá algo que alguém disse: quando se faz um erro, pode utilizar-se esse erro no momento seguinte num contexto em que ele faça sentido. Pode tornar-se algo que não é um erro. Tudo depende da atitude perante o erro."
"The Runners Four" surge depois do sucesso que foi "Milk Man" (2004), aclamado por várias publicações "indie" e não só. "The Runners Four" é o disco da maturidade? "É muito difícil para mim julgar isso. Sinto que o público de Deerhoof cresceu muito lentamente. Quando entrei tinham acabado de fazer o "Halfbird" [2001]. Fizemos o "Reveille" [2002] juntos. Desde então tem sido um crescimento constante. É difícil isolar determinado momento, sinto isto como um fluxo de arte."
A banda começou recentemente a trabalhar em conjunto a pensar num novo disco, depois de musicarem "Heaven and Earth Magic", filme de 1962 do cineasta experimental (e criador da mítica "Anthology of American Folk Music") Harry Smith.
Perguntamos a John Dieterich se pode descrever um concerto típico dos Deerhoof, em jeito de antecipação para os dois concertos em Portugal (os primeiros de sempre por cá). Resposta rápida: "Não! [risos] Tentamos fazer de cada concerto uma experiência diferente. Não mudamos o alinhamento de noite para noite, mas muito do que fazemos vem da audiência, do ambiente da sala." E exemplifica: "Há uns três, quatro anos estávamos a tocar em Providence, Rhode Island [EUA], numa espécie de casa ocupada, e apareceu um cão que uivava ao som da nossa música. Ele reagia de forma totalmente instintiva ao que nós tocávamos. Foi um acompanhamento incrível."

2 Comments:

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